Na próxima terça-feira, dia 2, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central realizará uma reunião de dois dias para decidir a taxa básica de juros da economia brasileira. De acordo com economistas consultados pelo Investing.com Brasil, espera-se que a Selic permaneça no patamar atual de 13,75%, o que será anunciado na noite de quarta-feira, dia 3.
Recentemente, houve divergências em relação a este assunto. Por um lado, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, defendeu a posição do Copom, citando a situação fiscal do país como um dos motivos pelos quais não seria viável reduzir os juros. Além disso, os comunicados recentes do Copom destacaram a preocupação com a piora das contas públicas, que poderia ser mitigada pelo novo arcabouço fiscal, mas ainda precisa ser aprovado pelo Congresso. Por outro lado, a ministra do Planejamento, Simone Tebet, argumentou que a decisão do Copom não pode ser considerada apenas uma questão técnica, uma vez que influencia a política. Tebet se junta a outros membros do governo que criticam a taxa de juros atual, incluindo o presidente.
Copom deve manter juros no Brasil
Embora a inflação esteja desacelerando em termos anuais, os economistas não preveem uma política monetária mais branda no momento. O coordenador do MBA de Gestão estratégica e econômica de negócios da FGV, Mauro Rochlin, espera que o Copom mantenha um comportamento mais rigoroso, acreditando que o BC esteja exagerando na dose. Ele vê o ciclo de redução começando daqui a dois ou três meses, caso a inflação de abril e maio apresente um recuo consistente. Rochlin acredita que as declarações do presidente Lula e de outros dirigentes do governo são um pretexto para que o BC não inicie o movimento de baixa.
Everton Pinheiro de Souza Gonçalves, superintendente da Assessoria Econômica da ABBC, avalia que o processo de desinflação ainda está lento e o BC está preocupado com as expectativas de longo prazo, o que pode resultar em alterações nos juros somente no segundo semestre. Pinheiro acredita que a inflação ficará acima da meta neste ano e menciona fatores de monitoramento, como a desaceleração da atividade econômica, as restrições ao crédito e a apreciação da taxa de câmbio.
André Meirelles, diretor de alocação e distribuição da InvestSmart XP, destaca que a piora nas expectativas de inflação é um dos fatores de cautela do BC. Ele vê juros em queda somente no segundo semestre e acredita que o discurso será duro, mas sinalizações positivas são extremamente prováveis com o novo arcabouço fiscal e as discussões sobre uma reforma tributária. Ele também destaca que o preço do petróleo tem caído bastante e o câmbio tem ajudado no Brasil. Rochlin pondera para o efeito das taxas negativas no segundo semestre do ano passado, que pode levar a indicadores anuais de inflação maiores no final deste ano, na comparação com o patamar atual.
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Inflação no Brasil
De acordo com dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em março deste ano, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) atingiu uma taxa anual de 4,65%. Além disso, a prévia da inflação oficial, o IPCA-15 de abril, também de acordo com o IBGE, atingiu uma taxa de 4,16% em doze meses. No entanto, os economistas consultados no último Boletim Focus do Banco Central, em 20 de abril, preveem uma taxa de IPCA de 6,04% ao final do ano, juntamente com uma taxa Selic de 12,5%. Isso significa que a inflação ficaria acima da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) para este ano, que é de 3,25%, com um limite superior de 1,5 ponto percentual.
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4 thoughts on “Taxa de Juros no Brasil: O que esperar da decisão do COPOM no dia 02/05?”