quarta-feira, janeiro 22, 2025

Fugindo do Gov: “Praia Bitcoin”. No Ceará, empreendedores aceitam “cartão bitcoin” em pagamentos

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O Bitcoin (BTC) é considerado uma opção de investimento alternativa para diversificar carteiras de investidores no Brasil. Entretanto, em Jericoacoara, um destino turístico popular no Ceará com 600 mil visitantes anualmente, isso pode estar mudando. Cerca de 40 estabelecimentos já aceitam a moeda digital como forma de pagamento, desde sorveterias, lojas de roupas, souvenires e mercadinhos até vendedores de passeios, peixe e ambulantes na praia.

Mateus Felix Serpa, dono de seis lojas de variedades no município, começou a aceitar Bitcoin pouco antes da pandemia em 2020, através de um aplicativo no celular. Apesar do faturamento proveniente da moeda digital ser pequeno, cerca de R$ 1 mil mensais, o ticket médio vem aumentando, de R$ 20 para cerca de R$ 80 atualmente. As lojas agora contam com máquinas de cartão especiais para Bitcoin.

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Claudine Viezzer, gaúcha que se mudou para Jeri desde o final de 2022, aceita Bitcoin como forma de pagamento em sua loja de roupas na vila. Ela decidiu adotar a moeda digital como opção de venda, visto que não há bancos ou caixas eletrônicos na região. Claudine não conhecia muito sobre Bitcoin antes, mas gostou de aprender e entender mais sobre a tecnologia.

Fernando Motolese, um entusiasta do Bitcoin, criou o projeto “Praia Bitcoin” para popularizar a criptomoeda em Jericoacoara. Ele recebeu ajuda do youtuber Vinícius Kinczel, que investiu tudo em Bitcoin em 2018 antes da criptomoeda se valorizar e atingir US$ 69 mil em 2021.

O projeto oferece mentoria gratuita sobre Bitcoin e orienta as pessoas a baixar uma carteira digital para guardar suas chaves privadas. Para estabelecimentos que têm funcionários, o projeto criou uma máquina de cartão especial para Bitcoin, que permite transferências sem a necessidade de passar pela rede bancária.

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Kinczel disse em entrevista ao Cripto+ que o uso do Bitcoin é relativamente fácil e que as pessoas podem guardar suas chaves privadas em um dispositivo móvel e ser felizes.

Máquina de cartão de Bitcoin desenvolvida pelo projeto Praia Bitcoin (Reprodução/Vinicius Kinczel)

Um pequeno restaurante na cidade foi o primeiro estabelecimento a receber uma máquina de pagamento em Bitcoin, processando em média dez vendas por mês. Para Jaline Sampaio Bica, uma das responsáveis pelo restaurante, a iniciativa oferece mais opções de pagamento aos clientes, atrai entusiastas de criptomoedas e ainda pode resultar em valorização do dinheiro recebido.

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Embora o Bitcoin tenha experimentado uma queda significativa em 2022, o ativo aumentou mais de 80% em 2023. No entanto, o ganho diminuiu para 70% após uma reação negativa às perspectivas de juros no mundo. A volatilidade é comumente vista como um ponto negativo para pagamentos com BTC.

Em um artigo recente publicado na revista Cadernos de Finanças Públicas do Tesouro Nacional, o especialista Pedro Erik Arruda Carneiro criticou a adoção do Bitcoin por cidades brasileiras, como o caso da Prefeitura do Rio de Janeiro, que agora aceita pagamento de IPTU com criptomoeda. Segundo Carneiro, a volatilidade do ativo apresenta um desafio, uma vez que o preço pode diminuir entre o recebimento e a conversão para reais. Ele afirma que, por causa dessas condições, o governo deve adotar uma abordagem limitada na aceitação de Bitcoins.

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Até agora, o volume pequeno parece ser a razão pela qual a população de Jericoacoara não tem sentido as flutuações do ativo digital. Geralmente, as quantias recebidas em Bitcoin são baixas, então as mudanças constantes de preço não costumam afetar muito o caixa dos negócios. Além disso, os comerciantes nem sempre vendem os Bitcoins recebidos, preferindo guardá-los à espera de valorização.

A crescente quantidade de estabelecimentos que aceitam a criptomoeda também torna possível usá-la no dia a dia, o que promove uma economia circular baseada em Bitcoin. Por exemplo, um pescador que recebeu Bitcoin pode comprar comida em um mercadinho, que compra insumos em uma loja de variedades, que distribui a moeda para seus funcionários, que, por sua vez, gastam com um ambulante na praia.

Embora as transações sejam de pequeno porte, os participantes acreditam que o projeto pode atrair ainda mais turistas para a região. Em fevereiro, o projeto Praia Bitcoin trouxe vários entusiastas da moeda digital para conferir o experimento de perto. Para alguns, foi uma amostra do que pode acontecer se a comunidade do Bitcoin adotar Jericoacoara como uma “cidade cripto”.

“Aqui as pessoas abraçam muito as novidades, acho que é um terreno muito fértil”, destaca a jornalista e designer Claudine Viezzer. “Com o tempo, Jeri pode ser um destino procurado por pessoas que querem tirar férias em Bitcoin. Não deve ter muitos lugares no mundo que propiciem isso”.

Há ainda pessoas que acreditam que as criptomoedas proporcionam poder e voz ao povo pela primeira vez na sociedade atual, por causa da autenticidade da população em não usar moedas governamentais e evitar o controle dos governantes.

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