No dia 11 de abril, terça-feira, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) irá apresentar o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) referente ao mês de março. De acordo com a previsão consensual dos especialistas, o indicador deve registrar alta de 0,77%, o que faria a inflação cair de 5,60% para 4,70%. Vale ressaltar que a última vez em que a inflação anual ficou abaixo de 5% foi em janeiro de 2021, quando chegou a 4,56%.
Apesar da desaceleração em relação ao IPCA de fevereiro, que atingiu 0,84%, os economistas consultados pelo Banco Central no Boletim Focus estimam que a inflação oficial do país fechará o ano de 2023 em 5,98%. Isso está bem acima do centro da meta estabelecida para o ano, que é de 3,25%, com uma margem de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.
De acordo com José Francisco de Lima Gonçalves, economista-chefe do Banco Fator, a estimativa é de que haja um aumento de 0,75% na inflação. Gonçalves concorda que é provável que a inflação encerre o ano acima de 5%. Ele afirma que a redução no índice anual é um reflexo da alta base de comparação no primeiro semestre do ano anterior, quando ocorreu uma guinada nos preços. Há incertezas em relação ao futuro próximo, especialmente se a gasolina e a energia elétrica continuarão a pressionar a inflação. Gonçalves acredita que pode haver uma melhora nos preços dos alimentos e bebidas, devido aos preços dos processados e industrializados.
Amabile Ferrazoli, economista da Tenax Capital, destaca que a reoneração parcial de impostos federais sobre combustíveis e a pressão em serviços são importantes para a composição dos núcleos de inflação. Ferrazoli projeta uma alta mensal de 0,76% e acredita que a inflação de serviços é a mais resiliente. Segundo ela, observar em que patamar a inflação dos serviços consegue se estabilizar é importante para entender o quanto a política monetária ainda terá de trabalho. A Tenax Capital prevê IPCA de 6,30% para este ano, com inflação acelerando novamente em junho, apesar da desinflação de bens industriais devido à reorganização de cadeias produtivas e das oscilações do dólar.
De acordo com Andrea Ângelo, estrategista de inflação da Warren Rena, a expectativa para o IPCA de março é de 0,77%, com possibilidade de desaceleração em educação, itens de comunicação e manutenção da deflação em passagens aéreas. No entanto, o item gasolina deverá ter uma alta acima de 8% devido à reoneração parcial dos tributos federais e ao fim da deflação sazonal do vestuário. Marcelo Boragini, sócio da Davos Investimentos, concorda com a expectativa de 0,77%, mas acredita que haverá dissipação dos reajustes de matrículas escolares, que foram responsáveis pela alta em fevereiro, e uma compensação parcial pelos combustíveis.
Já Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, espera que o IPCA fique em torno de 0,72%, e reforça que a prévia do indicador oficial, o IPCA-15, indicou uma possível desaceleração nos núcleos. Para Cruz, uma melhora nos serviços seria uma sinalização positiva, e ele destaca a importância de não haver uma grande dispersão e que a ponta resistente dos serviços comece a cair de forma mais significativa.
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