Durante o final do primeiro trimestre, ocorreram muitas oscilações no mercado de ações representado pelo índice Ibovespa. No final de março, após uma decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), o Ibovespa caiu abaixo de 100 mil pontos, mas posteriormente recuperou seu valor após a divulgação da ata. Além disso, a introdução de medidas fiscais impulsionou o mercado, mas as últimas duas sessões foram marcadas por queda.
Diante de um contexto tão instável para o mercado de ações representado pelo Ibovespa, é compreensível questionar o que esperar para os próximos três trimestres. A XP Investimentos, por sua vez, atualizou recentemente sua previsão para o valor justo do índice no final de 2023, elevando-o de 125 mil pontos para 128 mil pontos, o que representa um aumento de 25,64% em relação ao fechamento do último pregão do primeiro trimestre, ocorrido em 31 de março. Segundo o relatório oficial e seus autores, as expectativas de lucro por ação melhoraram no último mês e as taxas de juros reais caíram para 6,11%, o que eleva as projeções.
e acordo com os estrategistas, houve uma melhora nos fundamentos que envolvem as ações brasileiras.
Eles apontam três razões que contribuíram para sua visão mais otimista: em primeiro lugar, o preço das ações, uma vez que o Ibovespa chegou a cair abaixo dos 100 mil pontos novamente em março, ainda que por apenas um dia; em segundo lugar, as taxas de juros de longo prazo apresentaram estabilização e queda; em terceiro lugar, as estimativas de lucro por ação para o Ibovespa, conforme consenso de mercado, começaram a subir.
Os estrategistas afirmam que o valuation das ações brasileiras continua atrativo, o que aumenta o valor justo do Ibovespa. A relação Preço sobre o Lucro (P/L) para 2023 é de 6,9 vezes, o que representa um desconto significativo em relação à média histórica e aos mercados globais, o que torna as ações brasileiras ainda mais atraentes.
Eles destacam que os três principais temas em suas carteiras continuam os mesmos: Commodities, Histórias de crescimento secular e Qualidade a um preço razoável (“QARP”). No que se refere aos setores, houve alguma reversão no desempenho dos últimos meses. Em março, Bens de Capital, Alimentos e Bebidas e Transportes foram alguns dos líderes, enquanto Saúde e Educação permaneceram na última posição. Os estrategistas alertam que a alta alavancagem é um risco importante a ser monitorado pelas empresas brasileiras, especialmente em um mercado de crédito mais restrito e com altas taxas.
Avaliando o Ibovespa, é feita uma análise média de três técnicas diferentes: 1) um modelo de fluxo de caixa descontado (DCF), considerando um WACC de 12,1%, 2) um modelo de P/L alvo, com um múltiplo de 8,0 vezes, abaixo da média histórica de 11 vezes, e 3) um múltiplo de valor da empresa sobre o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (EV/Ebitda) alvo de 5,0 vezes, também abaixo da média histórica de 6,5 vezes.
Os estrategistas afirmam que para ver uma melhora no valor justo do Ibovespa, seria necessário observar duas coisas: 1) uma revisão positiva nas projeções de lucro e/ou 2) uma correção nos múltiplos, que poderia ser impulsionada por fluxos fortes para a Bolsa e juros reais mais baixos.
Os estrategistas observam que, embora tenham expressado preocupações no passado sobre as revisões para baixo dos lucros, a situação tem melhorado recentemente, com as projeções de Lucros Por Ação (LPA) do Ibovespa aumentando em mais de 30% desde as mínimas recentes e as taxas de juros de longo prazo se estabilizando. Eles afirmam que, devido aos níveis de valuation ainda bastante atrativos, o Brasil continua a apresentar um desempenho superior em relação aos mercados globais.
Além disso, em relação à Renda Fixa, os estrategistas destacam que as ações brasileiras continuam mais atrativas, pois o Prêmio de Risco, que compara o rendimento da renda variável com as taxas de juros reais, mostra que as ações brasileiras estão baratas, mesmo considerando o alto nível das taxas de juros locais. O Prêmio de Risco atual é de 8,9%, superior à média histórica.
Os estrategistas apontam que, apesar da melhora ligeira da perspectiva para as ações brasileiras, mantêm-se defensivos devido às incertezas globais no setor bancário, possibilidade de recessão econômica e política fiscal doméstica. Portanto, preferem ativos mais resilientes e de alta qualidade neste momento.
Possíveis cenários para o IBOVESPA
Considerando que há muitos riscos no horizonte, a XP realizou diversas estimativas para calcular o valor justo do Ibovespa, a fim de incorporar possíveis cenários alternativos. Depois de analisar os diferentes cenários, a conclusão foi que o Ibovespa já considera um cenário mais pessimista em vez de um cenário otimista. Isso reforça a opinião dos estrategistas de que as ações brasileiras atualmente têm uma margem de segurança alta.
A XP realizou diferentes estimativas para o valor justo do Ibovespa, considerando três cenários alternativos: otimista, pessimista e muito pessimista.
No cenário otimista, o Ibovespa alcançaria 149 mil pontos, com juros reais de 4,5%, múltiplos próximos às médias históricas, P/L em 10 vezes e EV/Ebitda em 6,0 vezes, além de um crescimento de lucros de 10%. No entanto, a XP considera que esse cenário é improvável devido ao ambiente global e doméstico desafiador, o que exigiria uma conjunção de fatores favoráveis.
O cenário pessimista, por sua vez, pressupõe uma subida das taxas de juros, com rendimentos reais em 7,0%, múltiplos menores em 7,0 vezes para P/L e 5,0 vezes para EV/Ebitda, e lucros 10% menores, levando o Ibovespa a 97.114 pontos.
No cenário muito pessimista, as taxas de juros seriam um pouco maiores do que no cenário anterior, com múltiplos também mais pressionados e o lucro 20% menor, o que levaria o Ibovespa a 88.365 pontos. Esse cenário contempla uma recessão global mais profunda no próximo ano e riscos domésticos relacionados à política fiscal elevados. A XP destaca que, mesmo nesse cenário adverso, as ações brasileiras apresentam uma margem de segurança considerável.
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