Apesar da menor alíquota de imposto no primeiro trimestre ter contribuído para uma melhora no lucro do Bradesco (BVMF:BBDC4), os analistas ainda veem os indicadores financeiros da empresa como pressionados devido à qualidade de crédito, com níveis de inadimplência em constante elevação desde março de 2021. O banco apresentou um Índice de Basileia de 12,6% e inadimplência total de 5,1%. Com base nos dados reportados, o Inter Research rebaixou sua classificação do Bradesco para venda.
Segundo o Inter Research, o balanço do Bradesco revelou tendências negativas para a instituição financeira, com piora significativa da inadimplência, apesar de melhorias nas despesas com provisões após o caso Americanas (BVMF:AMER3). Embora os serviços e seguros tenham sido impactados pela sazonalidade, o opex mostrou melhora com a redução de despesas administrativas.
Embora o lucro líquido de R$ 4,280 bilhões tenha sido 11% superior ao projetado pelo Inter Research, o resultado trouxe tons mistos, com a margem financeira praticamente estável e queda no NII com clientes, mas melhoria no NII com mercado. A PDD expandida mostrou melhora na comparação trimestral, mas não foi suficiente para manter os níveis de cobertura acima de 200%, devido ao forte avanço na inadimplência, que saiu de 4,3% no 4T22 para 5,1% no 1T23, com piora significativa em pessoas físicas e MPMEs.
Após o resultado, o Inter mudou sua recomendação de neutro para venda, mantendo o preço-alvo em R$13.
De acordo com a Ativa Research, os ativos do Bradesco estão em um ritmo forte de deterioração. Embora o banco tenha apresentado dados ruins, o lucro líquido e o ROE trimestral ficaram acima das projeções, em grande parte devido à maior eficiência das despesas operacionais e a uma menor alíquota de imposto. No entanto, a Ativa também destacou a elevação do indicador de inadimplência, que atingiu 5,1%, com aumento de 0,8 p.p em relação ao 4T22.
Apesar do resultado positivo em relação ao lucro líquido, a Ativa acredita que os desafios para o Bradesco continuam, especialmente na qualidade da carteira, o que exigirá do banco uma grande disciplina na concessão de crédito. A classificação da Ativa é neutra, com preço-alvo de R$15,20.
Inadimplência, juros altos e quebras no exterior
Embora os juros no Brasil possam ser altos em comparação com outros países, isso não significa necessariamente que haja um risco iminente de quebra de bancos ou instabilidade financeira. O sistema bancário brasileiro é regulado pelo Banco Central do Brasil, que trabalha para garantir a estabilidade do sistema financeiro e proteger os depositantes.
É verdade que existem desafios econômicos e financeiros no Brasil, como a pandemia da COVID-19 e a crise política, que podem afetar a saúde financeira dos bancos e outros setores. No entanto, é importante lembrar que os bancos possuem mecanismos de proteção, como seguros e reservas, que são projetados para ajudá-los a enfrentar adversidades.
Os juros altos podem levar à inadimplência em bancos por alguns motivos. Primeiro, juros mais altos significam que os empréstimos são mais caros para os tomadores de empréstimos, o que pode tornar difícil para algumas pessoas e empresas pagarem suas dívidas. Se as pessoas não conseguem pagar suas dívidas, elas podem acabar deixando de pagar suas parcelas e se tornando inadimplentes.
Além disso, também podem afetar a economia como um todo. Se as taxas de juros são muito altas, pode desencorajar as pessoas e empresas a pedir empréstimos e investir em seus negócios. Isso pode levar a uma desaceleração econômica, o que pode afetar o fluxo de receitas e a capacidade dos tomadores de empréstimos em pagar suas dívidas.
Por fim, esse cenário supracitado pode aumentar a competição entre bancos para atrair clientes, levando a práticas agressivas de empréstimo e concessão de crédito sem avaliar adequadamente a capacidade de pagamento dos tomadores de empréstimo. Isso pode levar a um aumento da inadimplência e dos problemas financeiros do banco.
“Consequentemente e juntamente com outros fatores, pode ocorrer a quebra bancária de bancos grandes com dívidas gigantes” – comentou um analista com personalidade mais apreensiva. Toda via…
O costume do cachimbo…
Os bancos no Brasil estão acostumados a operar com juros altos devido o histórico econômico do país e herança dos políticos passados, afinal devemos lembrar que a alta taxa de juros é vista como uma forma de conter a inflação e proteger o valor da moeda nacional, o real.
Além disso, os bancos brasileiros têm um modelo de negócios que depende em grande parte da cobrança de juros sobre empréstimos e financiamentos. Isso significa que as taxas de juros mais altas geralmente se traduzem em maiores margens de lucro para os bancos.
Apesar desses riscos, os bancos no Brasil continuam a operar com juros altos, em parte porque é uma prática comum em todo o setor financeiro do país. Além disso, muitos bancos têm implementado práticas mais rigorosas de análise de crédito e gerenciamento de riscos para tentar mitigar o risco da própria inadimplência.
No mercado, as ações preferenciais do Bradesco estavam sendo negociadas a R$14,09, com alta de 0,14%, às 11h25 (de Brasília) desta sexta-feira, 05.
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