De acordo com a ata do Comitê de Política Monetária (Copom) publicada nesta terça-feira, o Banco Central afirmou que a apresentação do arcabouço fiscal pelo governo ajudou a reduzir a incerteza em relação a possíveis cenários extremos de crescimento da dívida pública, e que a aprovação de uma regra fiscal sólida poderia levar a um processo desinflacionário mais benigno.
No entanto, o Copom ressaltou que não há relação mecânica entre a regra fiscal e os níveis de preços. O documento também menciona que as expectativas de inflação ainda estão desancoradas das metas, o que reflete, em parte, o questionamento sobre uma possível alteração das metas de inflação futuras. O BC afirmou que decisões que elevem a confiança nas metas de inflação contribuiriam para um processo desinflacionário mais rápido e menos custoso.
Além disso, o BC destacou que a dinâmica inflacionária atual indica que o processo de redução de preços pode ser mais lento, devido às expectativas desancoradas e ao excesso de demanda, especialmente em serviços.
A ata destacou a necessidade de paciência na condução da política monetária, pois o Banco Central segue avaliando se manter a taxa Selic elevada por um longo período garantirá a convergência da inflação. No entanto, a ata reafirmou a avaliação do comunicado da semana anterior, que os cenários que poderiam exigir um aumento da taxa básica se tornaram menos prováveis.
Na quarta-feira passada, o BC decidiu manter a taxa Selic em 13,75%, sem indicar a possibilidade de um corte futuro, como defendido pelo governo Lula. A ata acrescentou essa avaliação de que há menos probabilidade de uma nova elevação da taxa Selic.
Empregos
O documento do Banco Central afirmou que, apesar da expectativa de uma queda relevante no índice de preços acumulado em 12 meses até este trimestre em comparação com o ano anterior, é prevista uma elevação do indicador até o final do ano, sem afetar a inflação subjacente e as perspectivas futuras.
A atividade econômica segue desacelerando gradualmente, de acordo com os indicadores, mas a área de emprego tem apresentado resiliência. O Copom prevê um crescimento mais vigoroso no PIB do primeiro trimestre, especialmente devido à produção agrícola, seguido por uma moderação da atividade em um ambiente com resiliência no mercado de trabalho.
A perspectiva de afrouxamento monetário no curto prazo é desafiada pela desancoragem atual das expectativas, manutenção dos núcleos de inflação acima do teto da meta e resiliência da atividade. O ambiente externo se mantém adverso, com impacto negativo nas condições financeiras e crescimento global.
Os membros do Copom destacaram a separação de instrumentos para alcançar seus objetivos de controle da inflação e estabilidade financeira. Foram avaliados fatores que poderiam aumentar a taxa de juros neutra, como a possível adoção de políticas parafiscais expansionistas. Alguns membros levantaram a possibilidade de alta nas taxas neutras, mas a maioria julgou que essa interpretação ainda precisa de corroboração maior dos dados.
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